Sabem aquela altura em que o Natal não era só prendas prendas e mais prendas? Em que se dava valor à família e aos amigos, e era uma época verdadeiramente romélica (no bom sentido) e gira, a única altura do ano em que todos se juntavam para desafinar em conjunto as músicas de Natal, enquanto se vão distribuindo enfeites pela casa?

Então porque raio agora em que deixámos de ser a criança de sempre é que o Natal se decidiu tranformar no desfile do quem dá mais? Quer dizer, desde quando temos de dar prenda a todos só porque sim? Detesto dar prendas só porque sim, ainda para mais no Natal. Na verdade, e que tal estabelecer o bom hábito do "eish, esta coisa é mesmo gira para a pessoa X, vou comprar-lhe!"?

Pessoalmente é o que mais gosto de fazer e para mim era assim que funcionava, nem que fosse tecnicamente "obrigatório" dar uma prenda a cada pessoa que se gosta pelo menos uma vez no ano somente... porque sim! Não uma prenda de Natal, não uma prenda de aniversário, não um cartão disto e daquilo, ou porque teve um filho, ou porque casou, ou porque isto isto e aquilo... Só porque somente se viu aquilo e achou-se giro para uma pessoa. Acreditem em mim, sabe muuuuito melhor do andar uma semana antes do Natal a correr atrás do que poderão apenas eventualmente ser boas prendas!

O problema é que, lá está, agora somos quase obrigados a dar a toda a gente uma prenda no Natal! E agora com a crise, a coisa aperta mais ainda, e há que poupar! Por exemplo, uma das minhas prendas de Natal para uma amiga minha foi comprada em Julho. Foi como acabei de explicar, vi - adorei - "é a cara dela" - comprei. Claro que, com estas coisas de apertar o cinto, acabei por guardar a prenda e vou dar-lhe só agora no Natal, porque tem de se dar prenda a toda a gente na mesma altura para ninguém ficar aborrecido com um "ela teve prenda e eu não!" (embora eu não acredite que a pessoa em questão ficasse verdadeiramente chateada) e eu não posso lembrar "aaah mas eu dei-te a prenda XPTO e a ela não lhe dei nada!". Esse tipo de situações é verdadeiramente chato.

Bem, no fim de contas, o Natal é a grande fonte do comércio e este ano vou gastar o mínimo possível com lembranças bonitas mas muito simples!

Música: Last Christmas - Wham!

Belladonna é o segundo volume publicado por Anne Bishop cuja acção ocorre no universo da estilhaçada Efémera, mundo dividido por diferentes paisagens ligadas por pontes que levam quem as atravessa não ao local de destino pretendido, mas à paisagem que o seu coração realemente deseja atingir.

Neste segundo volume, a personagem central é a carismática Glorianna Belladonna, Paisagista e Guia do Coração que tem como missão destruir o Ente denominado Devorador do Mundo detendo a total Escuridão em que o mesmo pretende mergulhar todas as paisagens.

Uma vez lida qualquer obra de Anne Bishop, destacam-se de imediato dois pontos que tornam a sua escrita extremamente forte. Por um lado temos o pano de fundo dos acontecimentos e todo o enquadramento dos seus romances, que nos colocam em Mundos incrivelmente imaginativos e complexos e nos prendem de imediato tanto na tentativa de compreensão dos mesmos como na narrativa desenvolvida a partir destes. Por outro lado, são as personagens que mais marcam o leitor, pela sua personalidade e caracterização, que lhes confere um realismo muito poucas vezes visto. O mistério das mesmas, combinado com a dose certa de comédia e "maldade", introduzindo-as num jogo onde ninguém é totalmente bom ou mau e nem tudo é o que parece.

De facto, a narrativa é totalmente marcada por estas dualidades que se completam: Bem/Mal, Luz/Escuridão, Certo/Errado, sendo a conclusão, em última análise, não a vitória de uma facção sobre a outra, mas sim o equilíbrio entre as variáveis.

Note-se que apesar da linguagem simples, é necessária uma leitura atenta do livro, de modo a entender todo o enquadramento e implicações de cada diálogo na mesma. Aqui, muita da história é contada através das expressões em suspenso, do que não é dito em voz alta, quer por narrador quer por personagens, o que, por um lado permite ao leitor uma maior flexibilidade imaginativa e criando, por outro, uma certa confusão na própria narrativa.

Em comparação com "Sebastian", anterior volume publicado, "Belladonna" revela-se menos surpreendente e interessante. Confesso que esperava mais da personagem principal, uma vez que em "Sebastian" esta é apresentada de um modo bastante mais "sombrio" que a torna do meu ponto de vista muito mais original e curiosa. Já em "Belladonna", esta é convertida numa mulher que apesar de forte ilustra com regularidade os seus pensamentos de menina, o que transforma um pouco o seu mistério em desinteresse. A narrativa, apesar de fluída, acaba por sofrer pela letargia da própria Glorianna, tormando regularmente a acção um ritmo demasiado baixo.

Assim, o balanço que faço, apesar de ter preferido claramente "Sebastian", é extremamente positivo. "Belladonna" é um excelente livro e um bom representante da escrita de Anne Bishop.

Foi com alguma expectativa que peguei neste segundo volume da série “Uglies”, uma vez que o primeiro, apesar de ser dirigido a uma faixa etária ligeiramente abaixo da minha, me surpreendeu pela originalidade da história e exposição de ideias controversas, criando um clima de debate, podemos dizer, entre os leitores e consigo mesmos.

Assim, acabei por ver-me ansiosa por desfolhar este segundo volume, “Perfeitos”, seguindo atentamente mais um capítulo da história de Tally Youngblood que, já Perfeita, se vê dividida pela fácil e inconsequente vida na cidade enquanto Perfeita e a manutenção do seu estado “borbulhante”, que constitui por si só o único modo de se manter lúcida e deixar para trás todos os manipulados fúteis pensamentos de Perfeita.

Apesar de pontuado por um ou outro factor original (a existência da povoação índia como população de estudo que revela até certo ponto que os Perfeitos não o são tão em mente como em corpo; ou o próprio final constituem disso exemplo), este segundo livro deixou-me, de certo modo, ligeiramente desapontada. Se é um facto que já a anterior obra não era em si mesma algo de verdadeiramente fantástico, a verdade é que primava por uma série de novas ideias e de questões passíveis de discussão que tornava o balanço da sua leitura bastante positivo, factores estes que se perdem em grande parte neste segundo livro, no meio de uma prioridade dada à acção que acaba por se tornar repetitiva e, de certo modo, até cansativa.

A narrativa perde também quando analisado o seu fio condutor e o próprio sentido da mesma, havendo acontecimentos que por vezes parecem por si só não fluir naturalmente mas sim ser forçados a ocorrer de determinado modo, sendo prejudicada a relação entre acontecimentos e a justificação das acções de algumas personagens.

Apesar de todos estes factores, um ponto altamente positivo terá de ser dado ao final do livro. Será, por si só, a única parte verdadeiramente imaginativa do romance, que vale pela surpresa proporcionada ao leitor e por toda a variedade de acontecimentos ocorridos, numa reviravolta à narrativa que nos faz querer de imadiato saber o que ocorre em seguida, e que me motivou, mais que qualquer outra coisa, a ler o terceiro volume, "Especiais".

Assim, e apesar da qualidade desta sequela ser claramente inferior ao primeiro livro da Série "Uglies", recomendo a sua leitura como livro leve e simples que é, numa continuidade de um primeiro volume muito bom e na antecedência de um (espero) excelente terceiro volume.