Porque a C* deu a sugestão e eu já chorei baba e ranho com ela em concerto...

Pois que, se a Rádio Comercial tem uma rubrica chamada "Músicas para Sonhar", eu também tenho o direito a fazer cá uma coisa do género.

Ora bem, para mim o principal objectivo da Música é despertar sentimentos sejam eles mais ou menos positivos (entendam que para mim a relação entre sentimentos bons ou maus não é assim tão simplesmente linear). E, na verdade, que melhor maneira há de despertar todo o tipo de sentimentos se não pelas lágrimas? Porque reparem, lágrimas não revelam só tristeza. São também felicidade profunda, amor, amizade e toda uma vasta gama de sentimentos mais profundos que qualquer palavra que eu possa usar para os descrever.

Por isso, e com a participação sempre maravilhosa da C*, que realmente me deu indirectamente a ideia, cá vai a nova rubrica do "Silk and Magic": "Músicas para chorar"

E hoje a seleccionada é...

Simples, comovente, e inegavelmente cru e realista. É assim que esta colectânea de contos publicados por Deana Barroqueiro se apresenta ao leitor, sendo este convidado a visitar histórias contadas e recontadas nas escrituras do Antigo Testamento. São estas histórias, ordenadas cronologicamente, que se juntam harmoniosamente em torno de um denominador comum, muito pouco explorado e com um enorme potencial: o papel feminino nas Sagradas Escrituras.

Desengane-se o leitor que esperar intenso clima romântico entre personagens, aventuras amorosas alegres e despreocupadas ou uma versão colorida de uma narração típica em qualquer leitura do Antigo Testamento. "Romance da Bíblia" é um livro sobre mulheres fortes, determinadas, vividas, humilhadas e exaltadas, indefesas e guerreiras. Mulheres reais, cujas histórias a maior parte das vezes não gozam de finais felizes.

Na verdade, trata-se mais, até, do que uma simples narração dos factos. É, em si mesmo, um novo ponto de vista, uma nova visão das Escrituras que revela a ponta do véu sobre tudo o que nunca foi dito e permaneceu no esquecimento. É este realismo, este objectivo nunca enunciado mas sempre presente de fazer o leitor meditar, sem simplesmente passear pelas páginas, que torna este livro uma excelente aposta de leitura.

A isto é acrescentada a capacidade descritiva da autora, que nos prende de imediato aos cenários e personagens que retrata, criando uma dinâmica constante não só intra mas também entre contos. Vi-me, de facto, a consultar regularmente contos anteriores descobrindo pormenores relacionais entre contos e seguindo atentamente a linhagem descendente dos protagonistas de cada conto.

Um excelente livro, rico em detalhes e simbologia e inteiramente recomendado para uma leitura pausada e reflectida.

i carry your heart with me(i carry it in

my heart) i am never without it (anywhere

i go you go,my dear; and whatever is done

by only me is your doing,my darling)

i fear

no fate (for you are my fate,my sweet) i want

no world (for beautiful you are my world,my true)

and it's you are whatever a moon has always meant

and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows

(here is the root of the root and the bud of the bud

and the sky of the sky of a tree called life;which grows

higher than the soul can hope or mind can hide)

and this is the wonder that's keeping the stars apart

i carry your heart (i carry it in my heart)

(E. E. Cummings)