Sinopse:

Durante o sono, a minha mente apagará tudo o que fiz hoje. Amanhã acordarei como acordei hoje de manhã.

A pensar que ainda sou uma criança. A pensar que tenho toda uma vida de escolhas pela frente… As memórias definem-nos. O que acontece se perdemos as nossas memórias cada vez que adormecermos? O nosso nome, a nossa identidade, o nosso passado, até mesmo as pessoas de quem gostamos – tudo perdido numa noite. E a única pessoa em quem confiamos poderá estar a contar-nos apenas metade da história.

Bem-vindos à vida de Christine.

Apesar de ter o livro há imenso tempo forcei-me a lê-lo porque... Bem, basicamente porque o troquei. Confesso, não é política minha trocar algo antes de ler mas não estava à espera desde o princípio que fosse o meu estilo de livro e como não paguei um cêntimo por ele não vi razão para o conservar quando outros leitores se mostram tão interessados. De qualquer modo, antes de o trocar tinha de o ler mesmo, e foi isso mesmo que fiz. Antes de qualquer coisa devo dizer que apesar de não ser o meu tipo de livro estava disposta a dar-lhe uma oportunidade jeitosa, porque a crítica aplaudiu-o toda de pé. 

A mais valiosa lição que aprendi com este livro? A crítica merece uns largos pontapés em sítios que não devem ser mencionados num blog familiar. Mas como não estamos num blog familiar, eu devia era dar uns boas joelhadas à crítica bem no C******.

Avançando...

Lembram-se daquele filme de comédia chamado A Minha Namorada Tem Amnésia? A protagonista desse filme (que, se não me engano, foi também uma anja de Charlie) sofre do mesmo problema que a deste livrinho aqui. Sim, a senhora adormece e pluft! Fogem-lhe as memórias todas. E tudo corre naturalmente bem até ao dia em que a senhora decide escrever um diário. E, todos os dias, vai ao diário e lê aquilo de que se lembrou no dia anterior, etc, etc e faz cenas dramáticas sobre a vida lhe escapar pelos dedos.

"Antes de Adormecer" tem, terei de admitir, um título extremamente adequado. Porque é, de facto, adequado para o tratamento de insónias. A narrativa é repetitiva, a história básica e a personagem principal irritante a certo ponto. Isto porque, apesar do leitor estar ciente da situação terrível da vida da protagonista, o drama da personagem não só não é palpável como consegue tornar-se enjoativo. O sentimento não passa, a tragédia não existe, e tudo o que vemos são construções repetitivas da mesma premissa. Christine passa metade do livro a chorar porque o filho morreu (e a lamentar-se de 1500 maneiras pelo facto) e a outra metade a debater questões sexuais consigo mesma e a descrever cenas sexuais com o rigor enojado de uma ameba assexuada (o que, se foi a intenção da autora, foi de facto bem conseguido).

Para todos estes aspectos contribuiu também o facto do livro ser escrito na primeira pessoa, pelo ponto de vista (óbvio) de Christine, limitando em muito a narrativa e fazendo com que fosse cada vez mais difícil estabelecer empatia com a protagonista (nem pena eu tive dela, meus amigos, mas é que nem peninha!)

Um livro básico, com uma premissa decente deitada ao lixo, cenas convenientes e coincidências mal explicadas que só se safou pelo final que, de certa forma, conseguiu surpreender-me (um bocadinho, vá!) e lhe rendeu duas estrelas (dar-lhe-ia uma e meia, se pudesse) no Goodreads. E vamos lá ver se não lhe baixo aquilo!