Eu cá não arrasto a asa para os maridos das outras
11:14
Surpreenda-se o português comum comigo! Afinal, o último hit das rádios não se debruça numa qualquer música pop mal amanhada em inglês, num house desgraçado ou algo que envolva um videoclip em que a Britney Spears se passeia sem roupa! NÃO! Desta vez, a música mais ouvida nas rádios nacionais é... PORTUGUESA!
P.S. - Quem puser uma pequena quantidade de arsénico na bebida do senhor que escreveu esta música terá a minha mais profunda gratidão. A sério.
Tudo começou quando um senhor barbudo denominado Miguel Araújo e vocalista (ou ex-vocalista? Uma pessoa nunca sabe estas coisas) de uma banda com o duvidoso nome de Os Azeitonas (eu cá sou mais moça de tremoços a acompanhar a mini, mas se forem verdinhas também marcham) resolveu escrever uma música à qual deu o nome "Os Maridos das Outras". O resultado? Um fenómeno nacional.
Surpreendam-se! Eu ODEIO a dita música. E não, não é porque a música diz verdades acerca das mulheres que eu não quero ouvir. É simplesmente porque além de ser insultuosa e generalista é a música mais estúpida que ouvi nos últimos anos. A melodia é básica, e apesar da lírica ter boa intenção pela sua ideia original, está tão mal escrita que não vale a pena ouvir mais do que uma vez e revirar os olhos.
Mas então, porque será esta música um fenómeno? Bem, porque basicamente a letra fala sobre aquele defeito que toda a mulher mete à vizinha do lado. E agora ser-me-á lançado o argumento "ah, mas a música fala é dos homens e das mulheres que desvalorizam os homens". Sim. E não, ao mesmo tempo. Porque, repare-se, Miguel Araújo foi um senhor esperto. A música não é famosa porque fala de um defeito comum nas mulheres, o facto de desvalorizarem o que têm em casa e quererem o marido da amiga. É famosa sim porque toda a mulher de meia idade descontente com a vida (e, note-se, eu conheço muitas!) que a ouvir vai passar a tarde a dizer "aaah isto é mesmo verdade, eu conheço aquela outra senhora que é mesmo assim! Esta música é mesmo boa, já faltava algo assim em Portugal!".
Não, não é o facto de ter uma letra bem conseguida (que não tem, note-se a necessidade de recorrer a palavras como "brutos", "feios", "animais", "lixo" - e, meus amigos, já chamei muita coisa a muitos homens, mas isto nunca) ou de ser uma sátira (novamente com lírica mal feita e sem nem uma metáforazinha para abrilhantar a coisa). É simplesmente porque toda a gente que disser mal da dita vai ser estampada com o rótulo "Esta é uma das que enfiou a carapuça, por isso é que diz mal." ou "Não gostou porque não percebeu o sentido da letra e é burrinha!"
E senhor Miguel Araújo, da próxima vez que tentar fazer uma música satírica, arranje algo mais original para rimar do que "lixo" com "bicho" e encontre qualquer coisa que rime com "animais" para preencher a parte do "nanana".
Ah, e aprenda com quem realmente sabe fazer música satírica em português! Cá vai uma sugestão de qualidade:
Não, não é o facto de ter uma letra bem conseguida (que não tem, note-se a necessidade de recorrer a palavras como "brutos", "feios", "animais", "lixo" - e, meus amigos, já chamei muita coisa a muitos homens, mas isto nunca) ou de ser uma sátira (novamente com lírica mal feita e sem nem uma metáforazinha para abrilhantar a coisa). É simplesmente porque toda a gente que disser mal da dita vai ser estampada com o rótulo "Esta é uma das que enfiou a carapuça, por isso é que diz mal." ou "Não gostou porque não percebeu o sentido da letra e é burrinha!"
E senhor Miguel Araújo, da próxima vez que tentar fazer uma música satírica, arranje algo mais original para rimar do que "lixo" com "bicho" e encontre qualquer coisa que rime com "animais" para preencher a parte do "nanana".
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