Rome: The Ultimate Bromance
07:58
Lembram-se daquela série que eu estava para acabar de ver há tanto tempo que o poster dela fez a parede fictícia do meu blog ganhar bolor? Pois, aquela com apenas 2 temporadas e que eu não tinha desculpa nenhuma sem ser a preguiça para não ver. Não é que eu a acabei? A sério, hoje mesmo!
Por isso, já tenho direito a dizer de minha justiça sobre... ROMA!
Mas passando às apresentações:
Roma (título original "Rome") é uma série histórica de género dramático da HBO, com colaboração da BBC e da italiana RIA, estreada no ano de 2005. Criada por Bruno Heller, John Milius e William J. MacDonald, a série conta a história de Titus Pullo e Lucius Vorenus, dois soldados pertencentes à 13ª legião romana que, apesar de serem completamente diferentes, veem os seus destinos entrelaçados não só um com o outro, mas também com as mais poderosas figuras do Império Romano graças a... uma bebedeira e um estandarte roubado.
Com elevado número de audiências desde o primeiro episódio, o que levou ao anúncio da segunda temporada após exibição de apenas 3 episódios da primeira, a série foi aclamada pela crítica de todas as formas possíveis, sendo vencedora de 4 prémios Emmy.
Planeada originalmente para ter 5 temporadas, Roma foi cancelada devido aos elevados custos de produção, que a colaboradora BBC não poderia suportar (os custos de produção das 2 primeiras temporadas rondam os dez milhões de dólares), acompanhada por um declínio de audiências e pelo pouco sucesso da sua versão censurada transmitida na televisão italiana. *Shame on you, italian people!*
O que dizer sobre Rome? Bem, a expressão mais adequada que encontro é que a série apresentou-se como... uma caixinha de surpresas...
Vou ser sincera, apesar de ter a série na lista do preciso-de-ver-isto nunca tinha lido propriamente a sinopse. Chama-se Roma, o que imediatamente combina História com muito sangue, intrigas e cabeças a rolar sem razão aparente. Convenhamos, qualquer série que reúna essas características ganha automaticamente direito à visualização pelo menos do primeiro episódio. Além disso, eu esperava Júlio César, Pompeu, Marco António e Cleópatra e se estas figuras não são suficientes para chamar a atenção de alguém, não sei sinceramente quem será!
Em vez disso ou - melhor dizendo - para além disso aparecem-nos à frente Lucius Vorenus e Titus Pullo, o primeiro um soldado exemplar e correcto, com noção do dever e que grita HONRA por todos os poros *hey, onde é que eu já vi isto?* e cujo maior desejo é rever a mulher e as duas filhas que deixou em Roma há uma data de anos atrás; e o segundo um soldado inteiramente dedicado aos prazeres da vida sob a forma de jogo, bebida, e mulheres de fama duvidosa (ou nem tanto). E, se este não é um dos pares mais invulgares e enternecedores que me apareceram à frente nos últimos tempos, não sei o que será. É que, envolvidos pela desgraça, não só estes dois se começam a entender como desenvolvem um daqueles bromances que andam por aí a derreter os corações mais incautos.
Na verdade, a verdadeira riqueza da série reside nas personagens e na combinação do humor negro com as mais variadas situações. Ao contrário da esmagadora maioria das séries, em Roma é extremamente difícil criar uma afeição duradoura com as personagens, ou uma inimizade de estimação. As peças movem-se de forma tão rápida no tabuleiro, que os que antes apoiávamos passamos rapidamente a detestar no episódio seguinte, tendo uma certa compaixão pelos que odiávamos anteriormente. E isto também se aplica directamente a Lucius e Pullo, embora devido à sua personalidade desprendida seja em minha opinião muito mais fácil simpatizar com o segundo. Outro factor curioso é a relevância das personagens aparentemente menos importantes. Apesar de estarem extremamente bem caracterizados, tanto César, como Pompeu ou Marco António veem as suas acções serem indirectamente decididas por uma série de condicionantes não relacionadas com eles, mas sim influenciadas por personagens "historicamente" irrelevantes, como os protagonistas da série e as mulheres. É, aliás, entre as mulheres, que reside a mais extraordinária personagem, sob a forma de Átia dos Julii, uma sobrinha de Júlio César, amante de Marco António e mãe de Gaius Octavius Cesar (futuro Imperador Augusto). Átia é a encarnação da perversidade e manipulação, influenciando a vida de todos à sua volta e, consequentemente, o futuro do próprio Império Romano. Cruel e impiedosa, faz inimigos ao mesmo ritmo que troca de roupa, influenciando a vida dos seus filhos em todos os aspectos e provocando, a seu tempo, o ódio de ambos. E, no fim, é impossível não se sentir uma atracção por ela, um certo grau de compaixão que é impossível de rejeitar e/ou ignorar.
É toda esta vertente humana, esta indefinição entre bem e mal, este cinzento constante e ao mesmo tempo em alterações contínuas que cativa o espectador. De facto, no seu cenário antigo e desconhecido para qualquer um, Roma retrata algo que, no seu íntimo, é extremamente real e actual porque, na base, não se trata de uma série sobre acontecimentos históricos, mas sim sobre a condição e a imperfeita natureza humana.
Com diálogos maioritariamente cativantes e um sentido de humor simultaneamente apurado e vulgar, o guião é bastante interessante apesar das constantes cenas de carácter sexual por vezes dispensáveis. Nada que choque qualquer tipo de espectador ao fim de alguns episódios. Apesar de ambas as temporadas terem uma boa qualidade, a necessidade do término da série na segunda temporada reflecte-se na mesma, felizmente não de um modo crítico. Sente-se, sim, a necessidade de chegar ao fim da história, apressando os acontecimentos sendo que, pelo meio, se vai perdendo um pouco da riqueza da série em termos de plot secundário. Outro ponto menos positivo é a pouca preocupação com questões de continuidade nos últimos episódios da série, nomeadamente em termos de crescimento de personagens. Marco António aparece com dois filhos de um momento para o outro, sendo que as filhas de Vorenus não parecem crescer no tempo em que estão escravizadas, ao contrário do mais novo, Lucius, e do próprio Gaius Octavius Cesar, que disto...
passa a isto...
...num intervalo de tempo que ninguém se dá ao trabalho de definir. A existência de alguns enredos secundários pouco claros e até irrelevantes também pode ser referida.
Os efeitos especiais extremamente realistas combinados com um extremo cuidado na representação da época tornam esta série, juntamente com outros factores já referidos, numa série de visualização obrigatória para quem é apreciador de intriga política, sangue corrente e muito humor à mistura.
Na verdade, a verdadeira riqueza da série reside nas personagens e na combinação do humor negro com as mais variadas situações. Ao contrário da esmagadora maioria das séries, em Roma é extremamente difícil criar uma afeição duradoura com as personagens, ou uma inimizade de estimação. As peças movem-se de forma tão rápida no tabuleiro, que os que antes apoiávamos passamos rapidamente a detestar no episódio seguinte, tendo uma certa compaixão pelos que odiávamos anteriormente. E isto também se aplica directamente a Lucius e Pullo, embora devido à sua personalidade desprendida seja em minha opinião muito mais fácil simpatizar com o segundo. Outro factor curioso é a relevância das personagens aparentemente menos importantes. Apesar de estarem extremamente bem caracterizados, tanto César, como Pompeu ou Marco António veem as suas acções serem indirectamente decididas por uma série de condicionantes não relacionadas com eles, mas sim influenciadas por personagens "historicamente" irrelevantes, como os protagonistas da série e as mulheres. É, aliás, entre as mulheres, que reside a mais extraordinária personagem, sob a forma de Átia dos Julii, uma sobrinha de Júlio César, amante de Marco António e mãe de Gaius Octavius Cesar (futuro Imperador Augusto). Átia é a encarnação da perversidade e manipulação, influenciando a vida de todos à sua volta e, consequentemente, o futuro do próprio Império Romano. Cruel e impiedosa, faz inimigos ao mesmo ritmo que troca de roupa, influenciando a vida dos seus filhos em todos os aspectos e provocando, a seu tempo, o ódio de ambos. E, no fim, é impossível não se sentir uma atracção por ela, um certo grau de compaixão que é impossível de rejeitar e/ou ignorar.
É toda esta vertente humana, esta indefinição entre bem e mal, este cinzento constante e ao mesmo tempo em alterações contínuas que cativa o espectador. De facto, no seu cenário antigo e desconhecido para qualquer um, Roma retrata algo que, no seu íntimo, é extremamente real e actual porque, na base, não se trata de uma série sobre acontecimentos históricos, mas sim sobre a condição e a imperfeita natureza humana.
Com diálogos maioritariamente cativantes e um sentido de humor simultaneamente apurado e vulgar, o guião é bastante interessante apesar das constantes cenas de carácter sexual por vezes dispensáveis. Nada que choque qualquer tipo de espectador ao fim de alguns episódios. Apesar de ambas as temporadas terem uma boa qualidade, a necessidade do término da série na segunda temporada reflecte-se na mesma, felizmente não de um modo crítico. Sente-se, sim, a necessidade de chegar ao fim da história, apressando os acontecimentos sendo que, pelo meio, se vai perdendo um pouco da riqueza da série em termos de plot secundário. Outro ponto menos positivo é a pouca preocupação com questões de continuidade nos últimos episódios da série, nomeadamente em termos de crescimento de personagens. Marco António aparece com dois filhos de um momento para o outro, sendo que as filhas de Vorenus não parecem crescer no tempo em que estão escravizadas, ao contrário do mais novo, Lucius, e do próprio Gaius Octavius Cesar, que disto...
passa a isto...
...num intervalo de tempo que ninguém se dá ao trabalho de definir. A existência de alguns enredos secundários pouco claros e até irrelevantes também pode ser referida.
Os efeitos especiais extremamente realistas combinados com um extremo cuidado na representação da época tornam esta série, juntamente com outros factores já referidos, numa série de visualização obrigatória para quem é apreciador de intriga política, sangue corrente e muito humor à mistura.
4 comentários
Bromance o tanas, cheiro aí o romance puro e disfarçado entre o Lucius e o Titus! VOU FAZER O DOWNLOAD JÁ AMANHA!
ResponderEliminarVá, talvez não amanhã, e talvez também por tudo o mais que disseste =3 E parabéns por teres finalmente chegado ao fim XD
Tenho esta série no estado "preciso de acabar de ver" há tanto tempo, mas tanto tempo que para acabar de a ver, acho que vou ter que rever desde o início... :)
ResponderEliminarNa altura, vi toda a 1ª season e comecei a ver a segunda mas.. houve qualquer coisa que fez esmorecer o meu interesse por ela e deixei-a ficar em "águas de bacalhau"... Já não me recordo porque não acabei mas acho que o desenrolar da própria segunda temporada, aliado ao facto de eu já saber de antemão que a série iria terminar por ali (sem direito a 3ª, 4ª, ...) fez-me desistir.
No entanto, gostei bastante da 1ª temporada.
Pode ser que a volte a rever, agora que a lembraste. :)
Eu nunca vi, e o teu sumário deixou-me interessada, mas a tal coisa de ter sido cancelada deixa-me de pé atrás em relação a começar a ver. Esta não é uma daquelas séries que acaba num "E agora?" que deixa toda a gente frustrada porque nunca se vem a saber o que se segue, ou é?
ResponderEliminarInês... Hum... acho que o Pullo não concorda muito contigo e se o Vorenus te ouvisse provavelmente cortava-te qualquer coisa importante antes que conseguisses dizer "ai". Mas hey, eles amam-se, ninguém o pode negar!
ResponderEliminarRodrigo, entendo o que queres dizer porque a 1ª temporada está claramente melhor que a 2ª, talvez porque os eventos não são tão precipitados. Mas acho que devias dar uma 2ª oportunidade um dia destes.
Moggo, a série acaba de um modo absolutamente claro! Não tem grandes pontas soltas, pelo menos eu não notei nenhum buracão. A pior sensação que senti foi um "eu quero ver a Átia a dar cabo da cara desta gaja" e um "Awwwwww, porque é que eles não casam? Tadinhos..." em relação a outras personagens, mas podemos dizer que fica bem resolvida. A 2ª season tem é uma velocidade muito superior à 1ª, porque acaba por terminar numa determinada altura em que no início não era suposto, mas comparado com outras séries *cofHeroescof* achei que até estava bem desenvolvida.
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