Opinião literária: "Pilares do Mundo" de Anne Bishop
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Sinopse:
Ari, a última descendente de uma longa linhagem de bruxas, pressente que o mundo está a mudar... e está a mudar para pior. Há várias gerações que ela e outras como ela zelam pelos Lugares Antigos, assegurando-se de que o território se mantém seguro e os solos férteis. No entanto, com a chegada da primeira Lua Cheia do Verão, as relações com os seus vizinhos azedam-se. Ari já não está segura. Há muito que o povo Fae ignora o que se passa no mundo dos mortais. Só o visitam, através das suas estradas misteriosas, quando desejam recrear-se. Agora esses caminhos desaparecem a pouco e pouco, deixando os clãs Fae isolados e desamparados. Onde sempre reinara a harmonia entre o universo espiritual e a natureza, soam agora avisos dissonantes nos ouvidos dos Fae e dos mortais. Quando se espalham nas povoações boatos sobre o começo de uma caça às bruxas, há quem se interrogue se os diversos presságios não serão notas diferentes de uma mesma cantiga. A única informação que têm para os nortear é uma alusão passageira aos chamados Pilares do Mundo...
Opinião:
Em primeiro lugar, desengane-se já o público que anda por aí a pensar que este é o primeiro livro da nova trilogia da autora. A Trilogia The World of Fae, foi a primeira obra literária (ou pelo menos Romance) escrita pela autora e o facto da editora ter (compreensivelmente) optado por publicas publicar a Trilogia das Jóias Negras primeiro não muda esta verdade. E isto tem de ser dito porque explica muita coisa.
Se analisarmos "Os Pilares do Mundo" como primeiro livro de uma autora desconhecida a classificação natural seria sem dúvida mediana. Não é um excelente livro, mas sim um bom livro isolado, com personagens simpáticas e de uma autora que tem boas ideias, sabe pesquisar e onde se inspirar e tem espaço para crescer.
A questão é que, se partirmos directamente do pressuposto de que o livro foi escrito por Anne Bishop, saímos desiludidos. "Os Pilares do Mundo" não tem as personagens arrebatadoramente deslumbrantes do universo das Jóias negras, nem a narrativa misteriosa e interessante, nem a originalidade e complexidade do enredo. Tir Allain é um mundo simples, que não deixa de ter uma beleza e voz própria mas que, comparando com outras obras da autora, perde o encanto.
No entanto, as bases da escrita de Anne Bishop permanecem lá. A beleza da narrativa, somada a um conjunto de personagens simples e interessantes e a um conjunto de ideias estudadas, pesquisadas e amadurecidas (por Merlin, que apareça alguém que faça pesquisa antes de tentar retratar Wicca e crenças semelhantes!) onde se sente uma clara influência de Marion Zimmer Bradley (sim, eu reparo nestas coisas. I mean, É MZB!!). No entanto, e apesar da falta de encanto e de "vício" que outras sagas da autora obrigam, a história e as personagens vão tomando, a pouco e pouco, um lugar no coração do leitor, sendo Ari quem mais se aloja pela sua simpatia.
Um bom livro, tendo em conta que foi um Romance de estreia, mas que a esta altura do campeonato e para leitores em Portugal, contentará maioritariamente apenas fãs da autora.
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