Opinião literária: Trilogia Midnighters de Scott Westerfeld

09:05














Sinopse:

Coisas estranhas acontecem à meia-noite, na cidade de Bixby, no Oklahoma. O tempo para. Ninguém se mexe.Todas as noites, durante uma hora secreta, a cidade pertence às criaturas negras que vivem nas sombras. Apenas um grupo de adolescentes conhece a hora secreta – só eles conseguem mover-se livremente no tempo da meia-noite.
Designam-se a si próprios como midnighters.

Críticas de Imprensa:
«Uma combinação empolgante de fantasia, ficção científica e horror. Fez com que eu ficasse a ler até muito depoisda meia-noite.» Garth Nix

«Um dos oito autores que formaram o mundo e a linguagem dos jovens dos últimos dez anos.» Amazon.com.blog

«Carregado de suspense, é impossível resistir ao vício de continuar a ler página após página.» Kirkus Reviews

«Uma narrativa bem concebida que combina ficção científica, terror e História.» School Library Journal

«Uma mistura entre o cenário moderno de Buffy, a Caçadora de Vampiros e a magia do passado de O Jardim da Meia-Noite.» VOYA

Opinião literária:
Devo começar esta opinião sendo verdadeiramente concreta e cruamente sincera. A verdade é que, se todas as críticas de imprensa foram tão positivas quanto as que aqui postei, então os críticos com certeza não andaram a ler a mesma trilogia que eu. Ou então alguma da genialidade deste autor me escapa e aí o problema será meu.

Seja como for, não retiro mérito a Scott Westerfeld pela originalidade da história, porque se há elogio que posso fazer à mesma é precisamente isso: a originalidade. De facto, a criação da possibilidade de um grupo de pessoas poder ter direito a uma hora extra de tempo por dia em que todo o mundo congela e uma série de monstros aterradores se revelam é um conceito por si só bastante interessante. Quando a isso acrescentamos os factos dos ditos monstros aterradores terem medo de aço e outros metais relativamente recentes na história da humanidade e de tudo o que seja demonstrado sob a forma do número 13 o cenário torna-se ainda mais interessante. Adolescentes nascidos à meia-noite e com poderes sobrenaturais mais ou menos claros dão consistência ao cenário, principalmente sob a forma de Jessica, uma agora midnighter recém chegada a Bixby.

Mas as qualidades da trilogia não passam muito mais daí. O que teria a princípio todos os ingredientes para se tornar numa série de livros extremamente interessantes, cativantes e de complexidade aceitável (continuo a dizer que literatura juvenil não significa que os leitores sejam burros!) se torna num emaranhado de acontecimentos caídos do céu, mal explicados e com incongruências descomunais. Pormenores deliciosos como o potencial das deduções matemáticas e conclusões de Dess são quase completamente deixados de lado pelo medo do autor de tocar nestes assuntos mais complexos. Até o enredo romântico sofre deste mal, estando um exemplo patente na importância que é dada ao facto de Jonathan nunca tocar Jessica na "flatland", facto que apesar de ser gritado ao longo dos livros nunca é completamente explicado.

Assim, Midnighters tem a originalidade e poderia, eventualmente, ter as personagens caso o autor conseguisse manobrar as mesmas com maior mestria e desenvolver melhor cada uma delas. No entanto, uma vez mais Westerfeld deixa tudo "pela rama", optando pelo conforto do trabalho da personagem-tipo, com um ou outro apontamento mais ousado e/ou curioso.

Atrevo-me a dizer que, para grande pena minha, nem a enorme potencialidade do levantamento de questões morais escapa à linearização de Scott Westerfeld. A manipulação de mentes, as questões relacionadas com a legitimidade da opressão dos não midnighters pelos nascidos à meia-noite tudo isto é pouco ou nada explorado, perdendo na batalha com as enormes cenas de perseguição pelos monstros, extremamente semelhantes entre si e quase sem interesse.

Em relação à narrativa propriamente dita, nada tenho a apontar, sendo simples e adequada ao público alvo mas não fazendo despertar o gosto genuíno para a leitura.

O final é, talvez, o ponto alto da trilogia, uma vez que é, sem dúvida, inesperado e deixado de certo modo em aberto não caindo o autor (felizmente) na tentação de escrever outro livro neste universo.

Um livro para os curiosos e fácil de ler, não o aconselho a quem queira algo inovador, mas é sem dúvida uma boa leitura para alguém que não espera uma grande história.

Pessoalmente lamento dizer que desisti a título potencialmente definitivo das obras de Scott Westerfeld.

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6 comentários

  1. Bem, infelizmente tenho que concordar. Com tudo, excepto com a tua conclusao, visto que quero ler o Leviata e o ultimo dos Uglies =P tu nao?

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  2. AO Leviatã ainda podia dar uma hipótese agora Uglies esquece! Definitivamente XD

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  3. eu estou curiosa para saber como acaba =)

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  4. Tenho que concordar com você... Eu comprei o livro achando que ia ser uma grande história e no final acabei me decepcionando. :(
    Gostei da sua crítica, parabéns.
    :D

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  5. Devo discordar veementemente (tridecalogismo) da sua opinião. a obra é instigante e transforma o complexo universo da matemática, física e história em um universo novo e intrigante. suspense na medida, apesar de o primeiro ser o mais fraco neste sentido. o que pode ser desculpado pela construção da história e dos personagens ainda estar em andamento. Original e fluido, a obra de fato contribui para fazer o leitor pensar e não apenas entreter como estamos tão acostumados. talvez eu tenha visto mais simbolismo do que o Westerfeld propôs, mais o fato é que encontrar um outro lugar no tempo e espaço onde os adolescentes podem ser diferentes e construir outros aspectos da sua personalidade que ficam escondidos nas horas planas é extremamente interessante.
    É preciso paciência para entender os descaminhos por onde a literatura de Westerfeld pretende nos levar.
    Apesar de ter opinião diversa da sua, gostei muito da sua escrita, ideias claras e bem estruturadas, sem falar que saiu do óbvio das críticas literárias atuais. Parabéns!!!

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    1. Concordo com você. Não apenas essa, mas a série Feios também é estimulante. Amo as explicações matemáticas de Westerfeld. Poucos autores fazem isso: criar uma trama que necessita de tecnologia ou lógica matemática e explicar passo-a-passo. Você acaba acompanhando o desenvolvimento das teorias e, no final, chega ao mesmo resultado. Totalmente inusitado. Talvez seja por isso que uma parte das pessoas não goste da sua escrita [Westerfeld], por esta requerer um amor aos números. Também gostei da opinião da autora desse blog. ^-^

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