Opinião Literária: "Romeu e Julieta" de William Shakespeare

12:40



Opinião literária:
Em primeiro lugar, e para deixar tudo claro, afirmo desde já que não me considero pessoa nenhuma para sujeitar um autor como Shakespeare a "avaliação" da minha parte. Sim, o senhor está morto e não se importa com certeza com nada do que eu tenha a dizer, mas eu escrevo estas opiniões de forma unicamente amadora e não tenho qualquer formação especial em Literatura, Linguística ou blá blá blá, não me considerando competente o suficiente para dizer "poderia ter melhorado neste ponto". Quer dizer, isso nem faz qualquer sentido na minha cabeça! 
Assim, esta opinião será unicamente sobre a história contida no livro, a mensagem que transmite e o que fiquei eu a conhecer de Shakespeare através dela.

Dito isto, a primeira revelação que tenho a fazer é que, mal acabei o livro, não soube exactamente se devia chorar lágrimas grossas e pesadas, ou rir histericamente. Não percebem porquê? Ok, eu explico!

[Aviso: A partir daqui esta opinião pode conter SPOILERS. Não que em Romeu e Julieta isso queira dizer alguma coisa de importante.]

A história começa com uma briga de rua entre os criados de duas famílias rivais: os Montecchio e os Capuleto, que ao longo desenrolar da peça se vai percebendo que nem são tão rivais assim, tirando quando se tentam matar uns aos outros.

Por sua vez, Romeu, o filho do Sr. Montecchio, anda mal de amores, perdido nos olhos de uma matrona qualquer e a chorar pelos cantos. Ela não o ama e, por isso, para Romeu trata-se d'O DRAMA! Mas os seus amigos não gostam de o ver assim, coitadinho! E qual a melhor forma de esquecer um amor? Ora lá está, é arranjar outro! Por isso, eles convidam-no para uma festa na casa do Sr. Capuleto, onde com certeza conhecerá uma beldade que o fará esquecer tão vil dama que não o ama. E ele lá vai, muito tristonho, até que põe o olho na filha do anfitrião. E, meus amigos, se esta não é A ODE ao amor à primeira vista não sei qual será. Porque Romeu e a criança (recordo que Julieta tem 13 anos - não há referências à idade de Romeu) apaixonam-se perdidamente mal põem os olhos em cima um do outro. Esta seria a altura razoável para um espectador mais atento se levantar e dizer "Hei, mas ele não gostava da outr *punho pela garganta abaixo*". Mas isto é ficção, certo? Não valerá a pena com certeza dar importância à senhora, até porque não há mais qualquer referência à dita durante toda a peça.

Continuando, com uma série de eventos pelo meio, incluindo a promessa de Julieta em casamento a outro, os pombinhos resolvem casar-se. No dia seguinte! Numa cena do estilo "opah eu conheço-te há dez minutos, e não sabia que me amavas, mas ou ouvi-te falar à varanda, e agora que sei que me amas vamos casar amanhã em segredo, sim?" 

Pois, precisamente! Já perceberam onde eu queria chegar, certo?

Basicamente, a conclusão a que cheguei no final da leitura é que Shakespeare é o mais antigo Troll da humanidade! Vá, linearizemos a história do "maior amor de todos os tempos"! No fim, e mesmo tendo em conta o contexto histórico e social em que foi escrito, a coisa dá, tal como diz a minha amiga Lóide, numa "fantochada extrema"!
Ora, aí é que está a genialidade do autor. William Shakespeare pegou numa história que é um disparate pegado e transformou-o numa obra soberba, onde nos vemos envolvidos e apaixonados. O maravilhoso em Romeu e Julieta é que, apesar de sabermos todas as "falhas" da história, elas ficam completamente em segundo plano, sendo praticamente impossível para o leitor dissociar-se do amor das personagens centrais, ou simplesmente não gostar deles como casal.
A isto, soma-se uma capacidade tremenda de intercalar cenas trágicas e de pura comédia com uma fluidez extraordinária, que não quebra o ritmo e dá, simultaneamente, um novo alento à leitura. 
Linguisticamente soberbo, é daqueles livros que, talvez pelo seu tamanho, quase nos vemos forçados a devorar rapidamente, estando simultaneamente sempre presente a vontade de desfrutar de uma leitura calma e pausada, que nos permita saborear as palavras ditas, ou imaginar uma qualquer interpretação da peça.

É o livro que prova que a história mais ridícula de todos os tempos pode ser transformada no mais maravilhoso conto, dependendo do narrador.

Fiquei, sem dúvida, completamente rendida ao talento de Shakespeare!

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4 comentários

  1. ´"Romeu e julieta" é de facto uma história mais que batida, no entanto continuo a ver imensas pessoas a classificar este livro como muito bom e sempre me questionei acerca disso. Como não aprecio muito ler peças de teatro(ou talvez tenha uma má experiência anteriomente)sempre tive relutância em ler o livro. Depois de ler a tua opinião, penso que talvez valha a pena lê-lo.

    Boas leituras

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  2. Olá Landa, sê bem vinda aqui ao meu cantinho! :P

    O segredo é ler a imaginar as cenas representadas. Texto dramático lido corrido acaba por se tornar um pouco enfadonho, até porque há muitas coisas que se percebem bem melhor com as mudanças de entoação dos actores, e claro o texto original não possui qualquer tipo de indicações cénicas excepto coisas do género "Romeu entra" ou "Julieta sai".

    Por isso, costumo usar a imaginação como truque, e acho que facilita muito a leitura! :)

    Quanto ao valer a pena, o livro é tão pequenino que acho que mesmo que não valha, não há-de ser uma grande quantidade de tempo perdido ;)

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  3. Já percebi porquê que queres a colecção do amigo Shak... E eu quero um emprestimo!

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  4. "William Shakespeare pegou numa história que é um disparate pegado e transformou-o numa obra soberba, onde nos vemos envolvidos e apaixonados."

    Disseste tudo! Às vezes ainda me pergunto como algumas pessoas consideram esta história a mais linda história de amor porque se formos a ver, tal como disseste, apenas as palavras de Shakespeare foram capazes de tornar esta paródia numa obra intemporal de culto.

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